O vírus HPV, do inglês Human Papiloma Vírus, é muito contagioso. A transmissão ocorre por contato direto com a pele ou mucosa infectada, principalmente pela via sexual.
As lesões causadas pelo HPV habitualmente regridem por ação do sistema imunológico mas estima-se que ao redor de 50% da população masculina mundial esteja infectada pelo HPV. O período de incubação é de 2 a 8 meses, mas pode se prolongar por até 20 anos. (1)
Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que 50 deles podem infectar a região ano-genital masculina e feminina e divididos em 2 grupos importantes: os de alto risco oncogênico (geralmente tipos 16 e 18) associados a câncer genital e aqueles de baixo risco (tipos 16 e 18) associados as verrugas genitais. A ocorrência das alterações celulares para a transformação em células cancerígenas pode levar de 10 a 15 anos. Nas mulheres, cerca de 50% das diagnosticadas com o câncer do colo uterino foram expostas ao HPV na adolescência por meio de relações sexuais com um parceiro infectado. (2,3)
A prevenção pode ser feita através de medidas para evitar contaminação durante o ato sexual (redução do número de parceiros, uso de preservativos, boa higiene genital) e através da vacina do HPV do tipo quadrivalente recombinante (proteção contra HPV tipos 6,11,16 e 18), já introduzida em 51 países como estratégia de Saúde Pública. Tornou-se importante para a redução dos casos de câncer na mulher e no homem assim como das verrugas genitais.
No Brasil a vacina foi aprovada, em saúde pública, para a população de meninas adolescentes de 9 a 13 anos. O ministério da saúde adotará o esquema estendido aplicando três doses em intervalos 0, 6 e 60 meses. Outro esquema utilizado é de três doses em intervalos de 0, 1-2 e 6 meses. As precauções quanto a vacinação são doença febril aguda grave e trombocitopenia (redução do número de plaquetas). Eventos adversos principais são reações locais (dor, edema eritema), cefaleia, febre e raramente desmaio. (4)
Estudos já demonstraram o benefício da vacinação também no sexo masculino com redução do câncer oral, genital e anal. Outro impacto refere-se à diminuição da ocorrência e propagação das verrugas genitais de transmissão sexual. Também, estudos recentes econômicos na Europa evidenciaram um efeito positivo nas finanças públicas da Alemanha com o seu programa de vacinação contra o HPV de crianças do sexo masculino e feminino com 12 anos de vida. (5,6)
No nosso país pela sua alta prevalência e importância relacionada à infecção pelo HPV deve ser recomendada a vacinação também em indivíduos do sexo masculino de 9 a 26 anos de idade .
Destacamos que novos estudos sobre o diagnóstico, tratamento e prevenção das infecções genitais no sexo masculino, realizados em centros de referência e com o apoio da Sociedade Brasileira de Urologia, deverão demonstrar a sua importância para a melhora da saúde da população do Brasil.